"Um amigo cónego legara em seu testamento aos rapazes coreiros uma renda, constante de certa medida de castanhas e maçãs, imposta numa quinta de Santo Estevão de Urgeses. Os coreiros indo ali todos os anos no dia de S. Nicolau receber a renda, vinham depois a cavalo e em hábitos corais oferecer da mesma às pessoas mais gradas da terra." Jornal "O Vimarenense", 12 de Dezembro de 1886.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
AUTO DO DÍZIMO DE URGEZES – 2008
Cumpriu-se ontem, dia 4 de Dezembro de 2008, a tradição do Dízimo de Urgezes, momento solene que dá início às Posses. Este ano decorreu nas instalações da nossa Escola Gil Vicente com a presença, entre outros, do Exmo. Sr. Presidente da Junta de Freguesia.
Que fazeis vós estudantes
Em Santo Estevão de Urgezes?
Buscamos como era dantes
O cheque que dais por vezes…
Julguei que buscavas as posses
E o dízimo por tradição!?
Deixa-te lá dessas tosses
Já sabemos essa lição…
Daremos um fardo de palha
Prá burrice alimentar!
Venha coisa que valha
Pró Ferrari atestar.
Um Ferrari, Nicolinos
Não tendes vós escalão?!
No reino dos socretinos
Toda a gente mete a mão
Continue a ler...
Daremos figos e nozes
E da Fonte Santa água!
Água, faz mal às vozes
Só o vinho afoga a mágoa
Mas é água de milagres
Da fonte de S. Gualter!
Só Super Bock e Sagres
Têm perfume de mulher
Também temos castanhas
Tremoços e demais ofertas!
Deixai-vos de tantas manhas
Só com um cheque acertas
Maçãs é que nos resta
Nada mais mereceis!
Fruta aqui não faz festa
Só aos árbitros, bem sabeis
Sois cábulas e peneirentos
Nada mereceis, por castigo!
Deixai de ser avarentos
Só o cheque, sabe a figo…
Para quê tanto alvoroço
Afinal que vos cá traz?
No Neca Gato o almoço
E o jantar no Tomás…
Bem prega, frei Tomás
Venha o porco e salpicão
Deixa-te de ser mordaz
Que fala em moderação
Cá não pagamos almoços
Bom povo nicolino!
Venham ao menos tremoços
Amendoins e um fino…
Finos deveis ser na escola
Ser homens e estudar!
Pesa muito essa sacola
Só a bola está a dar…
Um computador Magalhães
Vos daremos nós então!
Já o temos em Guimarães
Da quarta ou quinta geração
Estais exigentes demais
Isto assim não pode ser!
Sois como nosso pais
Tendes de nos obedecer…
Já anda tudo invertido
Até casam os larilas!
E ainda mais divertido
Fazem-se filhos sem pilas?!
Já tendes Educação Sexual
Por aquilo que vejo?!
Não há nada mais sensual
Mas não autorizam o beijo…
E como vai a educação
Tendes por lá novidades?
Foram-se alguns pr’a Abação
Vieram as novas oportunidades…
A Lurdinhas sabe o que faz
Deixai-vos de contestação?
Se ela não nos deixa em paz
Terá aulas de substituição…
Também cá tendes a Lurdinhas
Com o que bebe e se come !
Só comemos pizzas sadias
Que nos mata a sede e a fome…
Mas não tendes vós cantina
Com comida nacional?!
Gil Vicente só vai e atina
Com alimentação racional
Cuidado, é com dietas
Anorexias e bulimias!
Nós não somos patetas
É a nossa Senhora Aninhas
Uns bons rojões com vinho
E umas papas de sarrabulho!
Muito bem, esse é caminho
Pr’a um saudável bandulho
Mas se estourar fígado ou neurónio
Valha-vos a Senhora dos Remédios!
Antes a farmácia Santo António
De senhoras, só queremos assédios…
E como vai leitura
A ciência e o saber?!
O telemóvel é kultura
E arte de vem eskrever…
Deixai-vos de modas soezes
Aprendei as tradições!
Venha a posse de Urgezes
Estamos fartos de sermões…
Quem traz um filho na escola,
Ou o põe a estudante
Traz um burro à argola
A estudar pr’a tratante
Rufai forte esses tambores
É pela crise da nação…
Pau ao alto, sem licores
Mantende erecta a trombeta
Rompei peles curtidas
Mostrai que sóis viris
Dai-lhe pimba, bem… batidas
Com a baqueta ou nariz
E aqui vai nosso dízimo
Como manda a tradição
E se vai tudo pelo mínimo
Mostrai que tendes baqueta!
Álvaro Nunes